Foi num fim de noite, andando pelas ruas da Zona Sul. O grupo se distanciou um pouco e eu fiquei para trás. A rua estava silenciosa e o céu já começava a clarear. Batia um ventinho gelado, típico do outono carioca, e eu busquei abrigo para as mãos frias nos bolsos da minha calça. Ali, caminhando, calado, senti falta de você. Da sua companhia, da sua risada...da nossa implicância mútua, de todo o carinho que havia entre nós, das muitas gargalhadas que demos juntos...
E senti falta de quem eu era quando tinha isso tudo.
Senti muita saudade das coisas nas quais acreditava, dos sonhos que tinha e daquela certeza de que você estaria sempre por perto. Sim, eu tinha essa certeza e isso era algo muito forte. Acho que a vida é tão incerta que essas certezas funcionam como um alicerce, uma base sobre a qual a gente trata de se erguer. Mas a verdade é que minha base ruiu. E eu sei disso.
Estou comprometido como um prédio condenado a vir ao chão. Sigo bamba, caminhando ao sabor do vento, procurando pessoas, coisas e momentos que me devolvam um pouco de mim. E que tragam um pouco de conforto pra esse alguém que sou hoje...
Um pombo levantou voo ao meu lado e o som de suas asas me distraiu dos meus pensamentos. Foi quando alguém me chamou e eu me juntei ao grupo. Fui viver a vida como ela tem se apresentado. Fui em busca desse novo eu que, quem sabe, vai arrumar uma nova base pra se erguer. Ou que, talvez, vai lamentar pra sempre a sorte de ter perdido um de seus mais importantes pilares...
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