12.1.15

Sobre "Abraçar e agradecer", o show de 50 anos de carreira de MariaBethânia...


Quando chegaram ao fim os versos de "O que é, O que é", de Gozaguinha, eu me senti agradecido. Não pelo fim do show ou da música, mas por haver testemunhado um show tão comovente, tão delicado e poético. Mérito do talento e da trajetória de 50 anos - ora justamente celebrada - de Maria Bethânia, a maior intérprete desse nosso país de cantoras. Não quero dar detalhes, não quero estragar surpresas. Mas quero registrar aqui a lindeza desse espetáculo e a alegria de ver Bethânia em cena, senhora de si e dos palcos; menina que brinca e baila sobre o LED moderna com a desconfiança de quem ainda traz no peito, na alma e na voz o cheiro de mato e a poeira das estradas e das entranhas do Brasil sertanejo, baiano, tupiniquim. Brasil que dialoga com os orixás da África, com a canção de Piaf e com Clarice e Fernando Pessoa. Bethânia já era global antes de inventarem a globalização, porque nunca perdeu o laço que sempre a manteve unida a Santo Amaro da Purificação. Fala de todo o mundo, suas dores e amores, falando das coisas de sua aldeia. Voou alto esse carcará! E que siga voando e nos fazendo olhar sempre pro alto. Voando e nos levando. Voando e nos elevando. Salve Maria Bethânia, a mais brilhante das estrelas dos céus do Brasil!!! 

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