27.2.13

O dia em que ouvi as histórias e canções de Bibi Ferreira...

No espetáculo, Bibi Ferreira canta em cinco idiomas, emociona e diverte a plateia
Quando surge no palco caminhando vagarosamente ao som de "Malandragem" - canção eternizada na voz de Cássia Eller, na qual ela questiona se ainda é uma garotinha - Bibi Ferreira bota a plateia no bolso. Ovacionada, dona da cena, a atriz, do alto de seus noventa anos, demonstra, desde o primeiro instante que olha para a vida - e para si mesma - com humor.
Humor acido, quando diz que no século dezessete tinha "treze ou catorze anos". Humor ácido utilizado novamente quando uma espectadora grita o ano em que uma de suas peças esteve em cartaz e, de primeira, Bibi devolve: "Você sabe a data? Mas essa coisa de data compromete a gente...", para risadaria geral.
Em "Bibi, Histórias & Canções", o público é conduzido por um passeio pela carreira dessa que é uma das maiores estrelas do teatro nacional. Se não for a maior, Bibi é a mais versátil: atua, canta, dirige; tudo com maestria exemplar! Nesse espetáculo em que passeia por épocas, países e gêneros diferentes, a atriz/cantora também navega por cinco idiomas: canta em inglês, espanhol, italiano e francês, além do português, língua materna. Forjada na escola dos palcos, a estrela tem pleno domínio de cena e demonstra que o tempo não lhe roubou o frescor. Nem no canto e nem no humor. Graciosa, canta temas de musicais americanos que despertaram seu encanto por Hollywood. Emociona ao unir canções de Elizeth Cardoso num medley que remete aos anos de ouro do rádio brasileiro. Seduz ao som dos tangos argentinos, apontados como herança musical da família. E arranca gargalhadas ao cantar árias consagradas com letras de clássicos da MPB. Tudo para voltar a emocionar logo em seguida, interpretando trecho de um de seus maiores sucessos, "Gota d'água". Outra ovação. Sem falar em Piaff, trunfo estrategicamente alocado no fim do roteiro.
Saí do teatro contente, leve. Que bom ver Bibi em cena! Que bom rir e me emocionar com as histórias e canções dessa estrela primeira da nossa arte! Bibi é o teatro brasileiro em sua melhor expressão, é o Brasil de que mais podemos nos orgulhar, é a vitória do talento, do dom, do saber ser e fazer. Ela não parece atriz: é. Das maiores! Não parece cantora: é, das mais hábeis ao interpretar. Não parece jovem, mas brinca em cena. Dá até pra pensar que, de algum jeito, Bibi Ferreira tem mesmo treze ou catorze anos...


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