Dia desses eu estava enfrentando naves alienígenas jogando Megamania no meu Atari. Ou lançando bombas sobre navios no River Raid. Isso foi pouco depois de ganhar meu primeiro Ferrorama, que, de tão grande, não cabia na sala da casa em que morava...
Foi nessa época em que ganhei um microfone e uma caixa amplificadora, pra brincar de apresentar o Jornal Nacional e o Globo de Ouro - aquele programa musical que os mais jovens descobriram agora, na reprise do Viva...
Meu Deus! Foi outro dia em que minha mãe me ensinou que o R minúsculo era um "caixotinho" e que o E, também minúsculo, parecia uma bailarina em movimento. Pouco depois eu fiz minhas primeiras redações, li os primeiros gibi da Mônica - dentre as centenas de outros que leria em seguida.
Terá sido ontem que aprendi a pintar? A colorir os mapas com bolinhas de papel crepom? A colocar um grão de feijão pra germinar no algodão? A achar o valor do quadradinho?
Ou foi na véspera que aprendi que uma notícia deve dizer sempre como, onde, quando, o quê e o porquê? Talvez tenha sido no mesmo dia em que aprendi a olhar pra lente da câmera como quem olha nos olhos de um querido interlocutor.
Não sei quando foi. Mas troquei de brinquedos e de brincadeiras. Tudo de um dia pro outro, de modo tão veloz que não me parece exagero algum dizer que transcorreu num piscar de olhos.
Cresci, namorei. Conheci o amor. O prazer. E a desilusão. Pedi uma moça em casamento e fiz dela minha esposa. Desenhamos juntos um futuro hipotético e foi lindo até acabar sem que tivéssemos podido ser felizes para sempre. E aprendi que levantar depois de cada tombo é fundamental pra que os passos se tornem cada vez mais firmes e certeiros. Como quando aprendi a andar....
Parece que foi algumas horas atrás que descobri a paixão pelo jornalismo, por contar histórias. Lembro da primeira reportagem. Lembro da sensação, da adrenalina. Da alegria ao ver o fruto do trabalho se materializar na tela da TV. Sensações que carrego comigo e que experimento ainda hoje, talvez até de modo mais intenso...
Nossa! Fecho os olhos e vejo os amigos que fiz por esses tantos dias (anos?!?!), as risadas que demos, as gargalhadas que nos marcaram tão fundo. Também de olhos fechados revivo as perdas que vivi até chegar aqui. E sinto a saudade tão viva como era semana passada. Ou mês passado. Ou há vinte anos.
Minto. A saudade cresceu muito de lá pra cá...
Parece que foi ontem. Semana passada. Talvez um ano atrás. Mas a verdade é que passou tão rápido que nem sei como, quando, o quê, onde e nem o porquê. Só sei que estou aqui, prestes a fazer 33 anos, e diante de uma descoberta devastadora: o tempo do calendário não é o nosso tempo! Fora das folhas de papel ele passa mais rápido! Ele me faz sentir jovem demais para a idade que tenho. E velho demais para a idade que sinto ter. Ardiloso esse tal tempo! Tempo parceiro, abranda dores e angústias. Oferece novas perspectivas conforme vai voando. E, mais que tudo, mostra que, dia após dia, temos sempre a chance de uma nova estreia...
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