Em foto estampada na capa do Extra de hoje, o secretário de transportes dá uma gargalhada ao conversar com o presidente da SuperVia, empresa responsável pelo nó ferroviário que parou o Rio ontem... |
O que acontece no sistema de transportes do Rio de Janeiro é uma temeridade. Talvez seja essa a área mais vergonhosa, a mancha mais difícil de apagar, encravada na alma de cariocas e fluminenses ao longo desses oito anos de governo do Cabral. Desde o bondinho de Santa Teresa, que viveu uma tarde de trem fantasma, matou gente e jamais foi recuperado - ao ônibus que desabou de um viaduto - também deixando vítimas fatais; passando pelas sucessivas falhas operacionais da SuperVia e do Metrô Rio, o que se vê, cotidianamente, nas ruas, avenidas, trilhos e túneis é a mais perfeita tradução do descaso...
Por isso, confesso: não fiquei chocado ao ver, na capa do Extra de hoje, a gargalhada do secretário Júlio Lopes, flagrada ontem, horas depois do apagão que paralisou a circulação dos trens. A gargalhada desse senhor, logo substituída por aquela cara de puta arrependida que tantos políticos sabem fazer para tentar nos convencer de sua dor; aquela gargalhada, meus amigos, apenas deixou ver o que pode parecer, para muitos, apenas suspeita: eles riem. Eles não se importam com a gente. Eles tratam o contribuinte - que paga as contas dessa porcaria toda - como idiota. E acham graça! Acham graça de nos entulhar de impostos para dar desconto aos donos do monopólio de ônibus, presenteados com 50% a menos nos IPVAs da decrépita frota que circula por aí, caindo aos pedaços, emporcalhando o ar com aquela fumaça imunda, matando de calor a todos e jamais cumprindo horários ou oferecendo a menor qualidade que seja.
Eles acham graça. Eu acho detestável! Como disse um dos heterônimos de Fernando Pessoa: "homens altos: passai por baixo do meu desprezo!"
Nenhum comentário:
Postar um comentário