7.11.11

Gelson Domingos...

Tivemos uma única reunião. O objetivo era planejar uma das viagens que a equipe do Salto fez nesse ano. Gelson foi o cinegrafista escalado e, como não trabalhava conosco habitualmente, quis saber mais sobre a nossa linguagem.
Foram alguns minutos de conversa, na qual Gelson falou de sua experiência, ouviu nossas orientações e, empolgado, falou de sua paixão pela cobertura policial.
Partiu pra viagem e fez um belo trabalho. Como era de costume em sua carreira bem sucedida. Carreira abreviada pela bala de fuzil que lhe perfurou o colete e roubou-lhe a vida na manhã de ontem.
Fiquei muito triste com a notícia. Pelo companheiro que se foi e pela crônica de tantas mortes anunciadas nessa cotidiana tragédia carioca. Pelas falhas que repetidas à exaustão, só oferecem oportunidades de reflexão em momentos como esse. Pelo colete que não suporta balas das armas mais usadas pelos traficantes do Rio. À prova de quê? À prova de quem? À prova do bom senso que falta às emissoras que, sedentas por audiência, insistem em arriscar seus recursos humanos nesse tipo de cobertura? Por que vamos, tão vulneráveis, atrás de uma polícia igualmente vulnerável em incursões como a de ontem, em Antares? Pra quem?
Precisamos desse jornalismo? Precisamos correr esse risco?
Não sei, de verdade...

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