A vida segue seu curso mesmo quando o rumo não é o que tínhamos imaginado. Ela apenas segue, impondo curvas, retas, subidas e as consequentes descidas. Altos e baixos que nos lembram da eterna impermanência das coisas, das pessoas, do que sentimos e mesmo do que somos. Afinal, sim, a gente muda. O tempo todo. E tudo muda ao nosso redor.
Mesmo com todas essas mudanças, sempre há coisas que a gente gostaria de cultivar. Pessoas que partiram, a despreocupação dos tempos de criança, o peito acelerado antes, durante e depois do primeiro beijo...e um monte de outros pedacinhos felizes da nossa existência que, com o avançar da caminhada, acabam ficando pra trás.
Nessa grande lista do que gostaríamos de carregar sempre conosco acho que reina a palavra amigo. No singular, no plural ou num plural ainda mais abrangente, que englobaria as amizades. Mas a mudança é soberana, a impermanência é a regra, e mesmo num capítulo tão sagrado das nossas vidas, mesmo essas pessoas tão próximas, tão queridas, que elegemos de um modo tão subjetivo para compartilhar dores, alegrias, conquistas e fracassos; mesmo essas pessoas com quem compartilhamos nosso amor, para quem nos revelamos por inteiro, para as quais nos doamos e de quem tantas vezes recebemos tanto; mesmo essas pessoas ficam pra trás.
Pensar no porquê disso pode não trazer frutos; ou ainda, pode trazer frutos não tão doces. As coisas acontecem porque acontecem, talvez seja mesmo isso. Talvez mudar seja o melhor a fazer e talvez devamos ser mais cautelosos ao empregar palavras como "sempre", que se referem a um tempo sobre o qual não poderemos arbitrar. Talvez o melhor seja aproveitar os momentos, cada um deles, para que, lá na frente, eles possam ser cultivados como adoráveis lembranças de um alguém especial. Lembranças de uma história incrível, cheia de todas as curvas, retas, subidas e consequentes descidas. Cheia de dores, alegrias, conquistas e fracassos. Cheia de amor...
E que, como todas as histórias, um dia chegou ao fim.