Hebe era uma das poucas unanimidades da televisão brasileira. |
Meu sábado desandou desde que soube da morte de Hebe. Recebi uma ligação de minha mãe, já arrasada e surpresa com a notícia. Éramos fãs da vitalidade dessa pioneira da televisão brasileira, do seu carisma, do seu jeitão espontâneo e festivo. Vimos juntos seu último programa no SBT - até escrevi aqui sobre ele - e ficamos entristecidos ao ver aquela grande estrela chorosa, despedindo-se de seu público. Depois, vimos sua estreia na Rede TV! com a nítida impressão de que ela estava usando um palco que não era seu. Nessa semana, quando foi anunciada a assinatura de um novo contrato com a emissora de Silvio Santos, comemorei no Facebook.
Não sabia que não haveria tempo para que a maior estrela da Anhanguera voltasse a brilhar no seu palco...
É muito estranha a sensação que temos quando um ídolo morre. Há um sentimento de tristeza, de luto, por um alguém que tá lá longe, que, muitas vezes, jamais teremos tido a oportunidade de ver, e por quem, apesar da distância, guardamos tanto carinho, tanta admiração...
Hebe eu vi. Gravei uma reportagem nos bastidores de seu programa anos atrás. E estar ali, diante daquela grande comunicadora, fez de mim um admirador ainda maior de seu talento e, sobretudo, de sua simplicidade. Hebe cumprimentava todos, tirava foto com todos, fazia questão de ser gentil e retribuir a cada um dos acenos, dos beijos, dos sorrisos. Ela, rainha da televisão brasileira, não se escondia atrás do brilho de sua coroa, ou do luxo de suas jóias e vestidos: era humana, acessível. Era gente!
Talvez muita gente duvide da importância de Hebe para a comunicação de massa no Brasil, mas o que ela fez em sua carreira invejável é impressionante: como primeira mulher a apresentar um programa feminino, fundou um estilo. Ajudou a definir como e para quem se faz televisão. E era brasileira demais, no trato com os convidados, na forma de se portar. Ela não inaugurou apenas a televisão: inaugurou um modo de se estar na TV. Modo até hoje seguido por muitos dos profissionais que estão na televisão: à vontade, sem falar de cima pra baixo com o espectador e rindo dos erros - inclusive, e principalmente, dos próprios.
Sabia tudo!
Pra mim, Hebe vai ser sempre uma boa lembrança. Ela, que tanto chamou seus convidados de "gracinha" era, sim, a grande graça da televisão brasileira.
Descanse em paz, Loiruda!