30.5.07

A rede e os e-malas...

Blogueiro se revolta com as malas do ciberespaço e critica e-mails, scraps e outras chatices cometidas por "usuários-sem-noção" da grande rede de computadores

Parece que, a cada época, os criadores de spam inventam uma chatice diferente pra encher o meu, o seu, o nosso saco! Depois do já famoso "aumente seu pênis", que lotou trocentas caixas de e-mail por um bom tempo (e que, vez por outra, ainda pinta...ops...eu disse PINTA!!!); agora é a vez das mensagens que prometem dietas milagrosas. "Perdi 12 kg em duas semanas", dizia uma das mensagens recebidas por este blogueiro aqui. Sem contar que essas maravilhas da endocrinologia chegam, na maior parte das vezes, pelo orkut. Muuuuito chato!
Por falar nesse universo de chateações do mundo virtual, não posso deixar de comentar os e-mails com arquivos em Power-Point. Deleto TODOS! É muito enlouquecedor alguém imaginar que você pode querer receber um clipe de fotos de araras-azuis no meio da tarde, durante o expediente. Nada contra as aves, mas é muita falta de noção! Sem falar das paisagens! Todas lindas! Mas prometo que vou buscar imagens delas na rede quando EU quiser vê-las. Não é melhor assim?
Meus amigos sabem que não sou um cara antipático, metido, nada disso! Mas não leio mensagens com poesias, textos "edificantes", correntes, e nem aquelas mensagens enviadas pra lista toda desejando um "bom dia". E também nunca respondo a esses tipos de e-mails! Acho perda de tempo. Mesmo! Não é nada pessoal, só prefiro investir o tempo livre em outras coisas.
O tempo é um dos bens mais preciosos atualmente. Perdê-lo com bobagens é algo que, realmente, eu procuro evitar...! Muito melhor aproveitar aqueles cinco minutinhos de folga para escrever um e-mail ainda que curtinho, pra saber notícias de alguém, mandar um beijo pra um alguém especial. E deixar as araras na delas, curtindo as belas paisagens desse mundão de meu Deus...
Quanto ao pênis e aos quilos a mais, a gente vai se virando como pode...(ops...eu disse PODE!!!rs...)

Vai tomar no c...na Globética!!!

A mais recente febre da internet brasileira, o vídeo "Vai tomar no c..." (sim, esse é um blog familiar) teve um longo trecho exibido há pouco, na rede de televisão mais importante do país. Estrelado pro Cris Nicolotti, o clipe já foi visto por mais de 400.000 pessoas no YouTube, gerou várias outras versões e até remixes. Hoje, certamente, a debochada - e desbocada - produção conquistou mais alguns milhões de fãs.
O convite para que a atriz desse uma entrevista no mais popular talk-show do Brasil é sintomático. Assim como a própria exibição do vídeo: a televisão, e a mídia, em geral, parecem estar se rendendo aos encantos da internet. Algo que Cris Nicolotti soube explorar bem, no melhor estilo cross-media: produziu o clipe para promover um projeto teatral. Virou boom na web, ganhou espaço em jornais, sites, blogs e, hoje, chegou ao plim-plim. Sorridente, a atriz contou que há três gravadoras interessadas em contratá-la. Falou de sua trajetória profissional e ainda deu um belo exemplo de como a vida imita a arte: uma associação de proctologistas se somou ao time de patrocinadores de seu espetáculo teatral.
Em entrevistas anteriores, a atriz já se disse surpresa com a força de seu fenômeno na web. Fui dar uma fuxicada no orkut e constatei: a moça está mesmo bombando! Uma busca por "Cris Nicolotti" resulta em cinco comunidades. A maior delas tem mais de 1.400 integrantes. Agora, a que mais me chamou a atenção foi: 'Cris Nicolotti a Diva da MPB', formada por 131 fãs de carteirinha da estrela do momento.
Bom demais pra quem queria apenas mandar todo mundo "tomar no c...", né???

29.5.07

Brasileira garfada?

Miss Universo: nem a japonesa acreditou que levou a melhor...

Antes de mais nada, quero dizer que não sou daquele tipo ufanista, que acha sempre que o "nosso" Brasil deva levar a melhor sempre. Amo meu país, mas não sou um fanático...
Dito isso, vamos à razão desse post: o que foi a decisão do concurso Miss Universo? Garfaram feio a representante do Brasil, Natália Guimarães. Linda, belo corpo, belo sorriso. E faturou o segundo lugar. Estaria tudo bem, se a vencedora fosse mesmo um mulhersão de fazer frente à brasileira. Mas...não era! Riyo Mori, a campeã, levou um baita susto ao ouvir seu nome no momento da decisão final do júri. Ela parecia não acreditar...tampouco a gente!
Mas o destaque, sem dúvida, foi a Misstabaco, dos EUA! Toda elegante, cheia de classe, meteu o popozão no chão com toda a pompa e circunstância, junto naquele, que provavelmente, era o dia mais importante de sua vida. Sem contar que a videocassetada foi transmitida para uma audiência estimada em 1 bilhão de pessoas! Aqui no Brasil, parte da transmissão, realizada pela Rede Bandeirantes, conquistou a vice-liderança na audiência. Pobre compatriota de Tio Sam: além de aturar as vaias durante sua performance, ainda se sagra uma fortíssima candidata ao prêmio de Mico do Ano!!! É...quem disse que vida de Miss é fácil???

27.5.07

Baú de histórias...

Final de semana leve, feliz...e de muito trabalho! Mas um trabalho diferente, cheio de motivação pessoal. Dias dedicados a revisitar memórias de família, rever parentes distantes e conhecer tantas e tantas histórias de dor, sofrimento, alegria e realização: tô fazendo um documentário modesto sobre os 80 anos da minha vó. Fazendo mesmo, no sentido mais artesanal que isso pode ter: da pauta até a edição, passando pela captação de imagens, pela pesquisa de fotografias antigas e pela escolha da trilha incidental - esta, com a ajuda de um grande amigo. O prazer é tamanho que, depois de um dia de gravação, chego em casa ávido por colocar o material pra dentro do PC e começar a pré-edição.
Em suma: tô feliz da vida. Por poder registrar tantas histórias (descobrindo muita coisa bonita), rever tanta gente e por achar que vou conseguir fazer uma bela e merecida homenagem à dona Zezé...
Família é algo importante pra caramba, minha gente! E é bom demais se cercar desse amor sempre que dá.
[]s pra quem é de []s, Bj pra quem é de bj e uma ótima semana pra todos!!!

26.5.07

Soundtrack

Toco teus lábios e sinto como se o chão me faltasse sob os pés. Teu gosto, meu sabor predileto, toma conta de minha boca, me acende a chama que, de fato, nunca estivera apagada. Ardo e quero mais de ti, de tua boca. Quero fazer-te extensão de mim, quero te olhar e me encontrar no fundo dos teus olhos doces, serenos e claros como sei que é a tua essência.
Vens para mim, e ensaiamos uma dança. A coreografia tem seu apogeu no momento em que nossos corpos se encostam, se apertam, se fazem apenas um. Não há alguém para conduzir. Arfantes, nos conduzimos simultaneamente ao ponto máximo de nosso balé particular, intenso e suave. O ritmo é marcado no compasso da tua respiração ofegante, o som que mais gosto de ouvir, e que também me faz responder da mesma forma, como sempre acontece com aquelas músicas que não saem de nossa cabeça. Canto junto contigo. Piro junto de ti: enlouquecido, apaixonado e feliz nos braços de alguém que me faz tanto bem.
Lado a lado, aproveito a graça de te ter por perto para me aquecer. De ter você pra olhar, de te ter pra me olhar sempre. Olhamos um pro outro e um pelo outro; e é essa a beleza dessa música que criamos juntos. Sigo te olhando e tenho a certeza de que você é a minha música predileta, a que não me sai da cabeça por um instante. Com todos os teus versos (os que me diz e os outros tantos que, quando a saudade aperta, imagino você dizendo). Você, meu hit, não me cansa. Não me sai da cabeça. Não desafina nunca. E é a trilha sonora mais perfeita que alguém poderia ter imaginado para a minha história...

PS.: A ilustração desse post é uma fotografia estilizada da escultura "The Kiss" (O beijo), de Auguste Rodin. Se quiser saber mais sobre esse grande artista, é só dar uma clicadinha aqui.

25.5.07

Tristesse


"Virou história em sua vida, mas pra mim não morreu..."
Adoro essa música. Adoro esse primeiro DVD da Maria Rita. E adoro pensar que as coisas são como são porque, na maior parte das vezes, é assim mesmo que elas devem ser.
Pra você, minha garotinha, deixo um beijo. Foi bom ouvir hoje que você me entendeu; que sabe que eu só quis (e quero) o seu bem. A vida é uma só, a gente está no mundo pra batalhar e ser feliz. É o que quero pra mim e, também, pra você. No caminho eu pensei que é melhor mesmo deixarmos tudo congelado. Assim, vamos ter sempre na memória lembranças gostosas, intensas, boas e felizes. E isso é pra poucos...
Bj pra você, menina bonita, cheirosa...e gostosa! (Olha a baixariaaaaaaaaa!!!)

23.5.07

Telejornal ou meio telefone, meio jornal?

Novidade ou reinvenção da roda? Formato novo do SBT Brasil põe apresentadores para conversar por telefone com os espetadores...

O fato de apresentar um programa ao vivo às sete da noite acabou me afastando um pouco do lugar de telespectador. Pouco paro em frente à telinha nos dias em que estou "no ar". Por isso, acabo ficando por fora de muita coisa que rola no horário nobre da TV. Hoje, no entanto, peguei um bom trânsito e cheguei em casa a tempo de conferir o SBT Brasil. Na bancada, Cynthia Benini e Carlos Nascimento apresentam as principais notícias do dia. Até aí, tudo tranqüilo. Cynthia, meio patrulhada por ter participado de uma das versões da Casa dos Artistas, não faz feio ao dividir o comando do jornal com o velho Nascimento: tem boa voz, boa locução, está bonita e me pareceu bastante segura. Seu companheiro dispensa comentários: é craque do ramo!
Tudo ia muito bem até o jornal exibir sua porção 100% SBT: telespectadores ligam e participam do jornal. Hoje, a "pergunta do dia" era: "você acha que o fumo atrapalha os relacionamentos?". A questão era baseada numa dessas pesquisas internacionais. Nascimento atende o primeiro telespectador. O rapaz acha que sim, o fumo atrapalha. Revela-se fumante e, além disso, confessa detestar o próprio vício. Cynthia, então, ouve a segunda participação: mais um espectador detonando o fumo: "as pessoas nem gostam de apertar uma mão cheia de nicotina", diz o rapaz de São Paulo. Gancho para a terceira ligação. Carlos Nascimento atende e ouve a telespectadora mais, digamos, "direta" da noite: "Ah, atrapalha sim! Porque o fumo causa a impotência sexual". O apresentador é seco: "Obrigado", ele diz, e logo complementa: "Depois do intervalo, você vai ver..."
Sei lá. Acho bacana inovar, mexer nos velhos formatos da TV. Mas fiquei com a sensação de que não é necessariamente conversando com o telespectador por telefone que chegaremos a um modelo mais interessante de telejornalismo.

Sílvio Santos e a "rainha do fora"


Sou meio reticente com relação aos posts com vídeos do Youtube. Utilizo o recurso muito de vez em quando, e sempre tomo o cuidado de dar um tempo entre uma postagem e outra. Mas esse vídeo (na verdade, a união de dois trechos) me fez mudar de idéia.
O programa: "Qual é a Música". O ano: 1986. O astro: Sílvio Santos. A coadjuvante: uma simpática menininha que insiste em dar "uma adaptada" em todas as letras das canções.
Ri muito vendo, e acabei me dando ao trabalho de baixar os dois trechos, editá-los num só vídeo só pelo prazer de subir tudo aqui no B@belturbo. Vendo essas imagens a gente entende bem a razão do sucesso do Sílvio Santos: ele é uma figuraça! E não se intimida por não ser "politicamente correto" e, como quem não quer nada, dar uma bela sacaneada na menininha.
E como diria Cissa Guimarães: "há 21 anos, direto do túnel do tempo..."

O tempo e a traça...

Revirando as gavetas, numa daquelas arrumações intermináveis que todos evitam ao máximo começar, encontrou o pedaço de papel de carta. Faltava a parte de cima, e logo percebeu que uma traça havia saciado sua fome por ali. Todo o primeiro parágrafo daquela carta agora não existia mais. Penalizou-se ao notar que aquela parte de sua história havia sumido. E pôs-se a ler o que o tempo - e a traça - tinham poupado...
"Então, te pego no colo e olho em teus olhos tristes. Olhos de quem não teve um bom dia. Tento confortar, arrancar ao menos um (esboço de) sorriso dessa boca linda, tão boa de beijar e de ver rindo. Quero ouvir sua voz novamente alegre, com aquele astral bom que só você tem.
Quero te ver feliz. Te fazer feliz. E ser feliz contigo."
Guardou no bolso o resto da carta. Sorriu, olhando para o porta-retratos na estante. Lá, seus olhos e aqueles outros olhos irradiavam apenas alegria. A prova de que o tempo repara tudo. E põe no lugar certo tudo o que deve ser posto.

Elephant - Damien Rice

Quanto mais ouço, mais apaixonado fico pela beleza dessa melodia, pelo modo como esse cara canta. E por toda a melancolia que a gente acaba sentindo diante dessa interpretação...

22.5.07

Lobo na defensiva?

Não ouvi o disco novo do Lobão. Ouvi bons relatos de amigos que foram a um show dele recentemente mas, talvez seguindo aquela linha de esperar o buxixo passar pra ver qual é, prefiro aguardar mais um pouco pra ver se brota a vontade de conferir o trabalho mais recente do maior falastrão do rock-brasilis.
Mas duas coisas sobre o artista me chamaram atenção recentemente. Primeiro, uma entrevista (ou bate-boca?) concedida ao G1. O cara reage - mal - do início ao fim quando a tentativa do repórter é saber sobre sua (contraditória) volta à indústria do disco, via gravadora multinacional. De acordo com o jornalisa, a conversa, por telefone, foi tensa de cabo a rabo. No fim, Lobão ainda zombou do coleguinha: "Você levou um capote do seu entrevistado", disse. Meio ácido pra quem quer lançar um disco, né?
Coincidência ou não, acessei outro dia (acho que nesse final de semana) o blog do Gabriel Reis - sim, o paparazzo mais famoso do Brasil. Eis que encontro lá um vídeo feito com...o velho lobo! Gabriel, ao flagrar o cantor num aeroporto, tocou num assunto antigo: uma (suposta) polêmica entrevista que teria sido concedida pelo artista ao apresentador (e, hoje, deputado) Clodovil Hernandez. Cá pra nós, quem nunca ouviu esse boato? Aliás, mais que um boato, a história já se tornou uma lenda urbana! Eu mesmo já conversei com gente que jurava ter assistido ao fatídico programa, nos idos da Rede Manchete. Pois bem, Lobão, de volta ao tom ácido, desmentiu veementemente que tal papo com Clô tenha acontecido. E saiu de banda reclamando bastante...
Os dois episódios deixaram claro que Lobão voltou à cena sem muita habilidade no trato com a mídia. É claro que a história com o Clodovil já deve ter chateado o cantor por demais. Mas há mais a se falar sobre outros assuntos. Lobão o tem feito, mas ainda não a contento. Ele diz, na entrevista ao G1, que quer apenas vender seu CD. Mas poderia dar uma satisfação ao grande público, que quer entender melhor a razão que o levou a voltar atrás e ceder à indústria do disco. Poderia até dizer que mudou de idéia, que precisa vender pra sobreviver. Seria mais transparente. Mais honesto. E, na minha opinião, mais inteligente também...

21.5.07

Etéreo...

Era tarde. O escuro começou a tomar conta de seus olhos e, ali, caído na beira do mar, pensou ter visto um rosto de anjo. Tinha os mesmos olhos melancólicos de sempre e, também como sempre, a voz soava musical demais.
Quando pensou que seria bom morrer naquela companhia angelical, sentiu suavemente a mão do anjo cobrir-lhe os lábios. E viu quando os olhos claros ficaram marejados. Ouço o que pensas, contou-lhe a figura diáfana, deixando escapar uma lágrima que lhe caiu sobre a testa.
A revelação trouxe desconforto. Não queria ferir o anjo pensando em coisas que o fizessem chorar. Mas em que poderia pensar ali, em seus braços? Sem dizer palavra que fosse, contou tudo...
Contou que se sentia triste por ver que todo o amor que trazia no peito nunca teve resposta. Contou que sempre tivera medo de falar desse sentimento que, a tantas e tantas pessoas, sempre traz orgulho e felicidade. Não fora seu caso. Sempre que se esforçara para demonstrar seu querer bem, tinha como resposta o silêncio.
Contou que, há tempos, vivia apenas de lembranças felizes, que já desbotavam, como nas antigas fotos que todos guardamos nas velhas caixas de papelão. Contou que as músicas rondavam sua mente há tempos, trazendo memórias de um tempo que nunca gostaria que tivesse passado. Mas que passou...
O anjo pôs-se, então, a chorar. Um choro contido, de quem sabe ter falhado na missão. Dolorido, diante daquele corpo fragilizado e já quase inerte. Passou-lhe a mão pelos cabelos como que num pedido de desculpas. Filho, creia que ninguém vem ao mundo para sofrer; disse-lhe a figura celeste, novamente, pelos olhos. E seus olhos, mais para fechados que para abertos, responderam: Pois leva-me, então. Se só o que faço é sofrer, creio que não devo ser desse mundo...
Foi quando uma luz muito forte os envolveu. Do clarão, que tinha vontade própria e rodeava seu corpo, saía um brilho intenso, acompanhado de um perfume de rosas. Não conseguia mais enxergar o anjo, mas ouviu quando ele disse: Você é como eu. Por isso não entende as coisas daqui. Pois, encha de ar o teu peito e vem comigo.
Obedeceu e, quando abriu os olhos, estava longe dali...

20.5.07

E saiu o gol...

E Romário fez o Gol 1000! Uma bela marca, digna mesmo de todas as comemorações. Mas a vida de ninguém muda por isso, né? A não ser a dele e daquela montadora de automóveis alemã, que pode querer lançar uma mega-campanha publicitária pra vender seu carro popular...
E por falar no "Baixinho", o que foi ele em duas entradas "ao vivo" no Fantástico? É o "baixinho-super-poderoso"! Blasé como sempre, mas mais realizado do que nunca!
Viva Romário! Viva o talento! Viva o esporte brasileiro!!!

A procura da batida perfeita...

Ouviu as dores transformadas em música e pensou nas suas dores mudas, silentes, represadas dentro do peito. Dores de quem tinha um coração desafinado demais, desritmado demais para virar verso. Coração leviano e vagabundo, como já disseram os grandes compositores em algumas de suas canções. Teimoso, acrescentaria, uma vez que mesmo fora do compasso e da levada certa, continuava a bater.
Coração insistente, que em alguns momentos parecia incansável como o de um jovem atleta. E em outros, fraquinho como se fora o de um paciente de unidade de tratamento intensivo. Vigoroso ou não, o que importava é que ele sempre continuava a bater.
Talvez, na esperança de encontrar outro coração desafinado, para fazer das duas batidas descompassadas uma bela sinfonia...

18.5.07

'Vida louca, vida breve'...

Ouvi uma história triste ontem. Uma história de morte. Morte de uma criança de 11 anos. Parente distante, o que não faz menor o sentimento de pesar diante de um fim tão triste. Onze anos apenas, tanto por ver, por dizer, por...viver!
Daí me pergunto se os pais dessa menina terão força para seguir em frente nesse mundo tão cruel, onde um bêbado, que já tirou outras vidas da mesma forma, permanece livre para atropelar quantos quiser. Não acho resposta, mas tenho a certeza de que essa força existe e, para muitos, como eu, atende pelo nome de Deus.
O mesmo Deus que, continuando a história, mandou anjinhos alegres mostrarem à mãe da menina, no teto da igreja, no meio de uma missa, que sua filha está em bom lugar. E que, lá de cima, vai olhar e proteger todos que sempre amou.

17.5.07

Jornalismo ou Futricaria???

Leio os jornais (em sua versão na web) e chego à conclusão de que parecemos atravessar a fase do jornalismo-polêmica. São tantas e tão simultâneas que a gente nem consegue acompanhá-las (e, acredite, isso não é um queixa!). Desde a pendenga entre o ministro e o cantor, passando pela atriz-que-não-foi-musa-de-Caetano que, agora, chama Caê de "banana de pijama"; até a separação do cantor de pagode de sua esposa. "Quem traiu quem?", pergunta a manchete do jornal que cobre o fim do casório.
Não vejo muita razão em tanta polêmica. Na maior parte das vezes, esses embates públicos só servem para tirar o foco de questões importantes, que geralmente, estão implícitas nos temas das discussões. Por exemplo: ainda não vi um texto sério sobre a questão da proibição da venda da biografia não-autorizada de Roberto Carlos. Há quem diga que o Rei está perdendo a majestade, há quem invista nas críticas de Paulo Coelho à atitude do Rei; mas não há quem discuta seriamente até onde vai a liberdade para escrever - e abordar, seja de que maneira for - a vida de uma "pessoa pública". Ou mesmo discutir esse conceito de "publicidade". Afinal, Roberto é público ou pública é a sua obra?
Acho que a mídia ajudaria muito mais nesse e em outros casos se discutisse essas questões de forma mais profunda. Porque ficar nesse diz-que-diz, sinceramente, envergonha qualquer jornalista que se preze. Por essas e outras que tem gente querendo derrubar o diploma para o exercício da profissão...
PS.: Quem visita esse blog com regularidade sabe que sempre coloco os links ao citar reportagens de jornais e revistas. Nesse post sobre as "matérias polêmicas", optei por não fazê-lo. E me explico: acho que há muita coisa mais interessante para se ler na rede...

16.5.07

Boas dicas...

Post telegráfico, só para dar boas recomendações aos leitores:
- Na literatura, indico "Quando Nietzsche Chorou", de Irvin D. Yalom. Estou no comecinho da leitura, mas já deu pra perceber que esse é um romance daqueles que prendem o leitor do início ao fim. Recomendo para os analisados e para os leigos quando o assunto é a psicanálise.
- Na televisão, indico o "Salto para o Futuro" dessa semana. Quem visita o B@belturbo com freqüência sabe que esse tipo de indicação é inédita, e me explico: durante essa semana, o programa está apresentando uma série sobre a Educação para Jovens e Adultos privados de liberdade (ou seja, internos do sistema prisional brasileiro). Já escrevi aqui sobre a experiência de gravar dentro das penitenciárias e acredito que esse é um assunto de interesse geral. Nos dois primeiros programas da série, já discutimos grandes polêmicas atuais, como a redução da maioridade penal, as funções do sistema penitenciário e a eficácia desse sistema. Uma discussão bem ampla e, portanto, que não diz respeito apenas aos profissionais da área de educação; público-alvo do Salto. Sem contar que o blogueiro aqui está tendo a grata oportunidade de apresentar os programas. Gostou da dica? Então anote em sua agenda: o "Salto para o Futuro" vai ao ar às sete da noite, na TV Escola (canal 27 da Sky), com reprise às 9 da manhã (do dia seguinte), na TVE.

15.5.07

Polêmica-sem-fim???

"Em momento nenhum estou faltando com respeito aos homossexuais, só estou defendendo um direito que tenho de expressar minhas opiniões." Essa é uma das muitas frases que o leitor Rodrigo Bahiense escreveu em seu mais novo comentário aqui no B@belturbo. Ele também me agradece pelo debate, e me cabe dizer que não há razão para agradecer. Acho que é exatamente isso o que falta em nossa sociedade: debate! Sobre tudo! Uma sociedade com medo de expor, refletir e dialogar sobre suas mazelas é, a meu ver, apenas um projeto de sociedade...
Mas vamos a mais um trecho do comentário do Rodrigo: "Nenhuma lei humana é capaz de dizer o que é eticamente correto para ninguém. Se uma lei afirma que o homossexualismo é correto, ou o aborto é correto, ou mesmo a eutanásia, essa lei por si mesma já nasce insuficiente. Ao contrário do que você pensa, o cristianismo oferece uma liberdade com consciência. O cristianismo afirma que tudo é permitido, mas nem tudo lhe convém. Entendemos isso de forma individual, interior, em nosso relacionamento diário com Deus. Por isso o cristianismo também fala que não devemos julgar ninguém. Como podemos julgar os pensamentos de alguém? Não podemos. Nesse caso quem poderia? Somente Deus pode.".
Ok, Rodrigo. Deixo claro aqui que respeito o cristianismo e, além disso, não nego as influências dele para a construção de valores éticos em nossa sociedade; influências que não são apenas oriundas dessa matriz religiosa: em todas as sociedades do mundo, a religião dita como predominante contribui nesse sentido. Agora, se o cristianismo, como você diz, "afirma que tudo é permitido" e, ainda de acordo com o seu texto, "(...) o cristianismo também fala que não devemos julgar ninguém", não entendo a razão de ser contra uma lei que quer combater a homofobia apenas alegando o direito de manifestar publicamente uma opinião contrária à homossexualidade. Se, como você bem disse, as conclusões acerca do que é certo e errado são individuais no cristianismo - e me cabe citá-lo novamente: "(...) é individual, interior, em nosso relacionamento diário com Deus", qual o interesse de opinar publicamente contra os homossexuais e contra a orientação sexual deles? E aqui, devolvo uma frase que você mesmo elaborou no seu comentário: "o cristianismo também fala que não devemos julgar ninguém". Se você vai opinar contra, é porque julgou. Será que isso não iria contra os próprios preceitos do cristianismo?
Não estou contra esta ou aquela corrente religiosa: respeito todas. Mas em nome do que se diz dentro das igrejas, muita gente acaba se tornando vítima de crimes nesse país. Dos mais "bobos", como as piadinhas e os risinhos de condenação e deboche, até crimes bárbaros, que atentam contra a integridade e a vida de cidadãos que não são de segunda categoria: são cidadãos como eu, como o Rodrigo, e como todos os outros. O direito a condenar publicamente ou a expressar a "opinião contrária" com relação aos homossexuais é, sim, uma forma de perpetuar o preconceito. Seguindo essa lógica, quem tiver a opinião de que os negros são "cidadãos de segunda categoria" poderá lutar para expressá-la em público. Isso não é preconceito? É! E é, também, um retrocesso! Não acho que todos devam concordar com relação a esta ou a outra polêmica. Mas devem, sim, respeitar o outro. E se acharem esse outro errado ou, como tantos acham, condenável; que tenham a sabedoria de guardar para si suas opiniões que, certamente, em nada contribuem para que se tenha uma sociedade melhor.
E as coisas da fé, Rodrigo, a gente deixa com Deus. Creio que não há ninguém melhor que Ele para administrá-las...! À você, mando um abraço! Volte sempre, também para comentar outros assuntos. Esse não é um blog-de-um-tema-só e, portanto, vou voltar à programação normal nos próximos posts, ok?
Agora é a vez dos outros leitores. Será que eles também querem meter a colher nesse papo? É só clicar e comentar!!!

13.5.07

Carta ao leitor...

Antes de mais nada, quero dizer que esse é, será e sempre foi um espaço livre para a manifestação de idéias e de opiniões. Não só minhas como a de vocês, que me honram com suas visitas e com seus comentários. Mas este é um blog de alguém que tem um comprometimento com o respeito às diferenças; de alguém que acredita que a beleza da vida em sociedade está na
heterogeneidade - na força que nos faz complementares, mesmo sendo todos tão diferentes como somos. Por essa - única - razão, sinto-me obrigado a replicar sempre que algum comentário - direta ou indiretamente, intecionalmente ou não - acabe resvalando para uma abordagem que possa ferir esses valores.
Três recentes posts aqui do B@belturbo abordaram conceitos e dogmas de duas diferentes igrejas: a Católica e a Universal. Posts que tiveram repercussão e que acabaram por lançar luz sobre algumas das grandes polêmicas atuais: o uso de preservativos - condenado pela Igreja Católica - e os preconceitos contra os homossexuais.
Rodrigo Bahiense comentou em pelo menos dois desses posts. Eis o que disse o leitor numa de suas mensagens: "O que não concordo é que nos obriguem a aceitar o homossexualismo como natural do ser humano, e pior do que isso, com as novas leis não podemos sequer passar aos nossos filhos o que achamos coerente com pena de sermos processados".
Rodrigo, como você, também não acho o homossexualismo natural do ser humano. Há animais - de outras espécies - que também têm essa orientação - e a Ciência ainda não explicou se trata-se de uma conduta adquirida ou se ela é congênita. Agora, ao que me consta, ninguém quer obrigar ninguém a aceitar nada. Trata-se apenas de respeitar! Respeitar o outro, respeitar a condição do outro; como eu, você e tantos outros heteros, bi, pan e multi-sexuais devemos e merecemos ser respeitados. Com os homossexuais, honestamente, não vejo o porquê de ser diferente. Quanto ao receio de "passar aos filhos o que achamos coerente", não sei se te desanimo, mas devo dizer que não conheço, até hoje, um pai que tenha dito ao filho para ingressar no mundo da homossexualidade. Porque essa não é uma orientação que se dê, é algo muito pessoal, que cada indivíduo vai elaborar da forma como lhe parecer melhor. E vice-versa: dizer ao filho para não ser gay não me parece o suficiente para que alguém que tenha essa orientação, essa pulsão, deixe de sê-lo; para que deixe de buscar sua felicidade. E isso independe do desejo - e da aprovação - do pai, da mãe, da Igreja, ou de quem quer que seja.
O mesmo leitor, em outro post, comenta sobre a postura da Igreja Católica, respondendo ao texto A Igreja parou no tempo. Rodrigo diz concordar "quando o Papa afirma que a Igreja procura qualidade e não quantidade". Rodrigo, o próprio Papa cobrou mais empenho da cúpula da Igreja, aqui no Brasil, para conter a perda de fiéis: "Trata-se efetivamente de não poupar esforços na busca dos católicos afastados e daqueles que pouco ou nada conhecem sobre Jesus Cristo", disse Bento XVI, e essas não me parecem palavras de quem quer apenas qualidade. Falo isso sem querer arranhar a imagem do Sucessor de Pedro; trata-se apenas de uma constatação: as igreja são feitas de e por pessoas e - independente de qual religião estejamos falando - são essas mesmas pessoas que sustentam essas instituições.
Justificar o aparecimento da Aids como "uma doença de uma sociedade moderna" também me parece um raciocínio pouco robusto. Lá pelo século XVII, a sífilis já matava muita gente. E trata-se de uma DST também. Tenho pra mim, Rodrigo, que as pessoas sempre farão sexo antes, durante e depois do casamento. E, em muitos casos, até mesmo fora dele! E isso independe de suas crenças religiosas.
No mais, reafirmo: acho imprudente que a Igreja continue condenando o uso dos preservativos. Rodrigo Bahiense discorda: "A Igreja proíbe o uso da camisinha, não para ser vilã, mas para mostrar que esse modelo de sociedade estava errado, causou e está causando a morte de milhares de pessoas pelo mundo". E eu tenho uma visão diferente da defendida pelo meu leitor. Creio que a Igreja - vilã ou não - precisa se modernizar, não só para evitar a perda de fiéis como para manter viva a Palavra de Deus - que é razão primeira de sua existência. E isso não é ser politicamente correto, é enxergar a complexidade do mundo em que vivemos e lutar para que as condições, mesmo que não sejam as ideais, possam favorecer uma existência em harmonia, que favoreça a busca pela paz, pela tolerância e pelo amor. Valores que não serão construídos enquanto alimentarmos as diferenças, inflando dogmas ultrapassados e, muito menos, enquanto virarmos as costas para a realidade contemporânea.
Para finalizar, agradeço ao Rodrigo e a todos os outros leitores que comentam os posts! Voltem sempre!!!
E a todas as mães do Brasil e do mundo, parabéns pelo dia de hoje!!!

11.5.07

A Igreja parou no tempo?

Vejo em todos os lugares notícias sobre a cobertura da visita do Papa ao Brasil. Clima de festa para os católicos, comunhão com o representante máximo da Igreja, celebração da fé e um festival de imagens idênticas na televisão - resultado do pool de transmissão formado pelas emissoras brasileiras.
Não vou entrar nesse mérito, o post não é uma crítica à cobertura televisiva. O que me assustou mais, de verdade, foi a CNBB declarar, às vésperas do início da visita, ser contra o programa de educação sexual do governo federal. O presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, cardeal d. Geraldo Majella, disse que o programa induz à promiscuidade, ao promover a distribuição de preservativos. "Favorecer uma educação, para quê? Para estimular a precocidade da criança, do adolescente, como no caso da camisinha. Será que isso é educativo? Isso é induzir todos à promiscuidade", afirmou o cardeal.
Em tempos de Aids e de tantas outras DSTs, é fácil entender porque a Igreja perde fiéis – ou perdeu, nos últimos anos. Com declarações desse tipo, sinceramente, não acredito que carisma de Papa algum possa evitar que a Igreja, que insiste em permanecer isolada num tempo que só ela vive, deixe de atrair o povo e, assim, deixar de ver minguar o seu rebanho.
Acima dos dogmas, deve estar a saúde, a sobrevivência. A preservação da vida – a mesma, aliás, que a Igreja tem usado ao condenar – até com ameaças de excomunhão – o aborto. Crer que seja possível retardar o sexo para depois do casamento, hoje em dia, é algo que me parece estranho demais. Seria mais bonito, mais interessante e, também, mais positivo do ponto de vista do marketing (aqui, sem nenhum sentido pejorativo), mostrar aos fiéis que o “ame o próximo como a ti mesmo” é, hoje em dia, proteger-se e, assim, proteger o outro...!

Kd???

Era uma vez alguém que se sentia só. Não importava se as companhias lhe fizessem rir, se o trabalho lhe rendesse elogios, sequer importava ter belas noites de lua cheia no céu pra olhar. Nada era capaz de preencher aquele vazio que se fazia crer insuperável a cada noite solitária.
Era uma vez alguém que já havia acreditado na beleza do amor, na pureza de um sentimento capaz de mover o mundo, de fazê-lo melhor e mais nobre. Alguém que também acreditava que, numa parte qualquer dessa bola azul flutuando no meio do nada poderia haver alguém que se encaixasse, alguém com quem poderia somar. O seu alguém...
Era uma vez alguém que nunca encontrou esse outro alguém. E que, por vezes, chegava a pensar que esse alguém poderia estar ocupado demais, também procurando o seu alguém. E quando pensava assim, sentia vontade de gritar que também era alguém. E que esse alguém que sabia ser poderia fazer outro alguém feliz.
Era uma vez alguém que, depois de tanto tempo, não queria mais crer. Alguém que começou a ver o mundo com menos cores, com menos brilho. E que notava, a cada dia, que também estava passando a sorrir menos e a pensar mais nas coisas duras de se viver.
Era uma vez alguém. Mais alguém que a falta de sonho, amor e esperança começou a fazer morrer devagarzinho...

10.5.07

Outra de sua excelência, Clodovil...

Vendo o "Jornal da Globo" de ontem, fiquei completamente chocado com a notícia sobre a última "peripércia" do deputado Clodovil Hernandez. A cena lembrava tudo, menos a imagem do foro maior do Legislativo de um país que se pretende sério. Cida Diogo, deputada do PT do Rio cutucava o presidente da sessão, Inocêncio de Oliveira,do PR de Pernambuco, para se queixar do colega-estilista, que a teria agredido verbalmente.
Toda a polêmica envolvendo o apresentador-político começou quando ele afirmou que "as mulheres hoje em dia trabalham deitadas e descansam em pé". Ofendidas com a (grosseira) declaração de Clodovil,deputadas organizavam um requerimento para que ele se retratasse publicamente. Foi quando Cida diz ter ouvido os impropérios do deputado-língua-solta...
A matéria do "JG" continuava com uma entrevista na qual o próprio Clodovil repetia o que, momentos antes, havia dito à colega de plenário: "Digamos que uma moça bonita se ofendesse porque ela pode se prostituir. Não é o seu caso. A senhora é uma mulher feia. Vai ser senhora, família. Agora eu tenho culpa que ela nasceu feia, gente?".
Confesso que a matéria, primeiro, me fez rir. Muito. Mas, agora, fico aqui pensando que a população precisa rever URGENTEMENTE seus critérios de votação...! Se já era desagradável ver Clodovil destilar seu festival de grosserias em seus programas televisivos, agora, me parece inadmissível ver que esse senhor transforme a Câmara num picadeiro de circo. Ainda mais oferecendo um espetáculo tão preconceituoso. E tão sem graça...

7.5.07

Com barba ou sem barba...

Mais do que homem público e político, o deputado Eneás Carneiro se tornou um exemplo de como a política pode, também, nos fazer rir. Seu tom raivoso, sempre falando com os eleitores como quem, de fato, parecia dar-lhes uma bronca, rendeu muita piada e muitas imitações. O "meu nome é Eneás", bordão lançado pelo fundador do extinto Prona nas eleições de 1989, acabou entrando para a história do horário eleitoral gratuito. Tinha nove anos na época, mas lembro de aguardar ansiosamente a aparição do homem emburrado e barbudo que, ao fim de um discurso quase incompreensível, vociferava: "Meu nome é Eneás!"
Ontem, quando soube da morte do deputado, comecei a pesquisar na rede sobre ele. E descobri, lendo o Querido Leitor, de Rosana Hermann, que ele era amigo da turma do "Pânico". Não me surpreendi, e logo lembrei que, nas últimas eleições, ao aparecer no horário político sem sua indefectível barba, o deputado bradou: "Com barba ou sem barba, meu nome é Eneás!". Só poderia mesmo ser alguém de muito bom humor...
Fui até o YouTube e me deparei com uma pérola: um pronunciamento do Dr. Enéas, também no horário eleitoral, que começa com a quase indecifrável frase: "Miasmas pútridos emanam do Congresso". Ri, imaginando as famílias de eleitores ouvindo tais pérolas na hora do jantar. E continuou o deputado: "Meu nome não exala odor mefítico, porque não chafurda no pântano da ignomínia". Hilário, né?
Enéas sai de cena e deixa marcas na história política do Brasil. Bateu recordes de votação e deixou seu nome gravado na história recente do país como o candidato de partido nanico a alcançar a maior votação nas eleições para a presidência, com 4.671.457 votos recebidos no pleito de 1994, vencido por Fernando Henrique Cardoso. Pode ser ignorância minha, mas não me lembro de nenhum feito do deputado. Não tenho notícia de nenhum projeto de lei, de nenhuma iniciativa que tenha conquistado espaço na mídia. Portanto, pra mim, ficará sempre a imagem do político excêntrico, que arrancou risadas, cunhou um bordão, e abriu as portas para tantos candidatos "cômicos" no meio da chatice do horário eleitoral.
Que descanse em paz...

6.5.07

Tela Quentíssima!!!

"Homem-Aranha 3": aventura bem produzida, herói em versão bad boy, drama, comédia e...princípio de incêndio dentro do cinema...

Pra quem estava à procura de aventura, foi um sábado e tanto. Só que eu buscava aventura dentro da tela!
Quando a fumaça tomou conta da sala de cinema, não achei que fizesse parte do filme do Homem-Aranha. Mesmo no fim da terceira aventura da série, e depois de tantos e tão grandiosos efeitos, eu sabia que aquele cheiro de borracha derretida não poderia ser mais uma de Hollywood. Ouvi a voz dizendo: "Calma, calma" e confirmei que aquela ação não estava se desencadenado dentro da tela. Desprezei o Spiderman, peguei minha prima pelo braço e saí da sala 5 do Cinemark Downtown um tanto assustado. Na praça de alimentação, o fumaceiro era ainda maior. E meu susto também aumentou conforme percebia que não havia funcionários informados sobre o que estava acontecendo e, muito menos, preparados para orientar os clientes do Multiplex. Já do lado de fora, avistei a nuvem de fumaça sobre o prédio e, sem pestanejar, decidi ir embora do lugar...
Nunca fui fã de Peter Parker, nunca li gibis do Homem-Aranha e também não havia assistido a nenhum dos dois primeiros filmes da série protagonizada pelo herói-aracnídeo. Resolvi ver o terceiro depois de ver algumas imagens na televisão e me encantar com o realismo dos efeitos. Não me decepcionei: a aventura é bem caprichada mesmo! A seqüência que mostra o surgimento do Homem-de-Areia é fantástica - e muito bem realizada! Todas as cenas de perseguição - um festival de vôos, saltos e piruetas do Aranha e dos vilões - também não ficam atrás. E ainda há espaço pra uma boa comédia - como no momento em que a secretária do chefe de Peter Parker o assusta ao tentar orientá-lo sobre qual remédio tomar. Os fãs de dramas também vão curtir: vemos na tela um herói humano, que sofre ao ser deixado pela namorada, e também sofre ao descobrir que o responsável pela morte de seu tio está livre. Além de mostrar uma verve bad boy. Ponto pro Tobey Maguire, que soube construir bem o tipo.
O "clima quente" no finalzinho da projeção me impediu de conferir o desfecho do filme. E sei que não vou ter paciência de rever tudo até chegar aos 10 minutos finais. Agora, deixo pra depois. Quem sabe em Dvd? Em tempos de interatividade, confesso: prefiro que a adrenalina seja experimentada apenas por quem está dentro da telona...

4.5.07

Pro meu amigo prego...

Dia de desejar muita sorte a um grande amigo. Dia de dizer que estou aqui pro que der e vier, ajudando no que for possível ajudar e, sempre, torcendo para que tudo se resolva logo e bem!
Vitor, quero pra você o mesmo que espero que venha no meu caminho: só coisa boa! Acho que a gente merece e creio muito que as coisas não devem ser de outro jeito! E já desconfio que Deus tenha planos ainda mais bacanas pra essa tua caminhada...
Qualquer coisa, tamos aí! E você sabe que pode contar com esse teu prego-amigo aqui, né?

Pro meu amigo virtual...

Uma vez li em algum lugar que as pessoas do bem se reconhecem de alguma forma misteriosa. Sentem a energia uma da outra e, de forma quase inexplicável, tendem a se aproximar. Acho que isso deve ter acontecido com a gente...
Olho pra tela e vejo um rapaz sorrindo sobre um camelo. É um sorriso ainda desconhecido, mas que soa muito familiar. É o mesmo sorriso que, por dois meses, minhas bobagens escritas na tela do messenger devem ter despertado.
Tão inusitada quanto a foto - legítima, sem photoshop ou algo que o valha - em cima do camelo - legítimo, made in Cairo - é essa amizade que surgiu num meio tão frio quanto a internet. Barreira logo superada por dois caras bem humorados e com muitos gostos parecidos - o maior deles por uma certa cantora baiana...
Aliás...outra baiana é o grande ponto de discórdia nas conversas que - ainda hoje - varam algumas horas da madrugada. O cara persegue a pobre da Sangalo demais! Mas tudo bem, ninguém é mesmo perfeito...
Diogo, meu amigo - o cara sobre o camelo egípcio - aproveito esse texto pra lhe desejar feliz aniversário! Não importa se são 86, 37 ou 26! O que importa é que não lhe faltem saúde, alegrias e realizações. E tudo o mais que a vida tiver de bom pra lhe oferecer!

3.5.07

E disse Clarice...*

"Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar."
* Trecho de 'A paixão segundo G.H.', de Clarice Lispector

O tempo não passa para Daniela...

Dia do trabalhador, show em Copacabana. Multidão, lua cheia enfeitando o céu e, como diz Maria Bethânia em seu "Maricotinha ao vivo", aquele cheiro de batata frita e gasolina que só Copa tem.

No palco montado por uma operadora de telefonia celular, Daniela Mercury era a atração principal. Pego a apresentação no meio, mas ainda a tempo de ouvir a moça celebrar os 15 anos de sua apresentação na Apoteose, à época da explosão de seu "Canto da cidade". Eu tinha doze e ainda começava a definir minhas preferências musicais. E Daniela já chegou conquistando um lugar especial. Gostava de vê-la cantar e dançar, comprava seus discos - sim, tenho alguns deles até hoje. Na praia, enquanto a baiana canta "Pensar em você", penso nela. E lembro que aquele seria o segundo show seu que iria assistir na vida - o primeiro, fantástico, foi o do Rock in Rio, em 2001.

Daniela faz um bom show, não decepciona o fã de longa data aqui. Exibe o fôlego, a energia e a vitalidade de sempre - é, pra ela parece que o tempo não passou. "Maimbê dandá" bota a massa pra pular, mas o melhor momento da noite é "Ilê Pérola Negra": número cheio de impacto cênico, bela coreografia e uma participação linda dos bailarinos.

Lá se vão quinze anos. E eu, em Copacabana, entendo porque essa baiana conquistou meu coração há tanto tempo...

* No vídeo, o trecho final de "Ilê Pérola Negra"

2.5.07

Ainda sobre Jô e Crivella...

Depois de um dia movimentado, chego em casa e me surpreendo ao notar que o post sobre a "entrevista" do senador Marcelo Crivella ao "Programa do Jô" rendeu um aumento de 4.900% no número de acessos ao B@belturbo. Desse total, mais de 90% dos leitores nunca haviam passado por aqui antes. Desde já, agradeço pela visita e faço o convite para que voltem sempre!
Alguns dos novos visitantes deixaram recados. A análise que fiz do papo entre Crivella e Jô Soares foi confirmada por quase todos. Bom, então vamos aos comments dos comments...
Rodrigo Bahiense, cristão, critica a postura adotada por igrejas como a IURD, representada pelo senador Crivella. O leitor também aponta os "fundamentos perdidos" do senador-bispo. Além disso, também condena a postura de Jô Soares durante a conversa. Segundo o Rodrigo, Jô se mostrou "altamente preconceituoso sobre aspectos da fé". A análise do leitor vai em frente e ele concorda com Crivella num ponto. Para ele(s) "a homossexualidade não é de forma alguma natural".
Rodrigo, eu não tenho religião alguma. Mas, cá do meu ponto de vista, acho muito pequeno que as ações, o caráter e a existência de uma pessoa (ou de um conjunto delas) sejam julgados pela sociedade em razão de uma orientação sexual. Isso, de verdade, é que eu não acho natural...! Como também não acho natural, por exemplo, qualquer forma de discrimação religiosa, ou de qualquer outro tipo. Anormal é ter e alimentar preconceitos, não é?
Carlos Solano - este um já fiel leitor - ressalta o aparente despreparo do convidado durante o programa. E ainda aproveita para elogiar o texto...valeu, Carlos!
Marcos Filho, autor de outro comentário, diz: "Nessa entrevista, (Jô) deu um banho no 'santinho' do bispo". E ainda aproveita para puxar as orelhas do blogueiro aqui: "Meu caro: extenda, do verbo estender é com "s", lembra. Claro, Marcos! Desculpe a minha falha, ok? Escrevi com pressa de postar logo que a entrevista acabou e não vi o erro gritando em minha tela...o reparo já foi feito! Valeu pelo toque, ok?
Brigadeirão, minha amiga, reitera: "Jô brilhou". E ainda me pede para deixá-la vir aqui mais vezes! Não precisa pedir, moça! A casa é toda sua!!!
No mais, obrigado a todos os visitantes. Gente de Madri, Boa Vista, Seringal Setenta, Belém, João Pessoa, Campina Grande, Maceió, Salvador, Galiléia, Goianira, Várzea Grande, Pedra Azul, Brasília, Campo Grande, Franca, Viçosa, Rio, Niterói, Hortolândia, Londrina, Bugio, Floripa, Campinas, Guarujá, Sampa, Guaíba, Lambedor e Buenos Aires... espero revê-los em breve!

1.5.07

Davi x Golias? Que nada!!!

Entrevista no "Programa do Jô" se transforma num embate entre o apresentador e o senador evangélico. Jô levou a melhor, mas não se pode dizer que essa tenha sido uma grande entrevista...


Já fui um telespectador mais assíduo do "Programa do Jô". Tenho achado a pauta meio caída e, pelo que sei, a audiência não anda muito diferente. Devo dizer que não acho que o Jô faça entrevistas propriamente. Creio mais que tudo ali seja um show, e que, muitas vezes, os convidados acabam servindo de escada pra ele. E essa não é uma crítica, vejo só como uma adaptação do Jô para o gênero talk-show.
Pois bem. Eis que hoje, um amigo me avisa para ligar a TV na Globo. De um lado, o senador Marcelo Crivella. Do outro, Jô Soares. Peguei o bonde andando, confesso, e meu amigo me avisa que o senador, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, apresenta um proposta que estende os benefícios da Lei Rouanet para as igrejas. Mais fonte de renda para as igrejas?, penso. Já não basta tudo o que os fiéis depositam nas sacolinhas da vida? Eu hein!
Aí, caro leitor, admito que o blogueiro aqui foi fisgado pelo papo. Jô não fez questão de demonstrar nenhuma simpatia pelos ideais de seu entrevistado. Muito pelo contrário! E a rusga ficou ainda mais evidente quando o apresentador mencionou mais uma bandeira do bispo-senador, que é contra o projeto de lei que pretende punir a homofobia. "O projeto anti-homofobia proíbe que se critique o homossexualismo e eu sou contra (a proibição)", justifica-se o entrevistado. É a deixa para Jô cair de pau em cima dos (frágeis) argumentos de Crivella. "Pra mim (homossexualidade) não é natural, pra mim é pecado", ele diz, para ouvir, logo em seguida, Jô disparar: "Não vejo ninguém lá em cima barrando quem é viado!". A platéia foi abaixo! Ponto para o apresentador.
A entrevista (ou debate?) continua com Crivella acanhado, visivelmente constrangido por precisar defender os dogmas de sua igreja. Alguns, quase indefensáveis. Jô Soares, por sua vez, acaba se excedendo e chega a impedir o convidado de falar. "Assim fica difícil", queixa-se o senador. "Reconheço que me excedi", desculpa-se o entrevistador.
Perguntado sobre seu projeto de controle de natalidade, Crivella explica mais um de seus questionáveis pontos de vista. Para o senador, jovens de baixa renda deveriam se esterelizar. Jô cita a Escrituta Sagrada: "E o crescei e multiplicai-vos?". "Crescei e multiplicai-vos desde que possa criar seus filhos", rebate o senador. "Ah, mas isso não está escrito na Bíblia", devolve o dono do talk-show.
A platéia ovaciona cada tirada debochada do entrevistador. No fim, piadas sobre a estadia do convidado na África para amenizar o tom do embate. Cá da minha poltrona, guardo duas impressões sobre o que acabo de ver: a primeira, de que o senador precisa urgentemente crer mais no que defende, argumentar melhor sobre suas idéias e, por fim, assumir que está ao lado de sua igreja e dos dogmas que a constituem. A segunda impressão confirma a opinião do primeiro parágrafo desse post: o "Programa do Jô" não é um programa de entrevistas. É um show feito para Jô brilhar.
E, nessa noite, ele brilhou...